7 de out. de 2011

ARARINHA AZUL PODERÁ VOLTAR A CURAÇÁ

Paul e Paula nasceram no inicio de julho mas a sobrevivência só foi confirmada após a passagem dos primeiros dois meses de vida, considerados críticos. O nascimento foi em um aviário da Associação para a Conservação dos Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), em Berlim, na Alemanha. Paul e Paula são ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii), aves típicas da Caatinga consideradas extintas na natureza desde 1990. A outra boa notícia é que algumas ararinhas, preservadas em cativeiro no exterior, podem “voltar para casa”, numa área em Curaçá.
 
Segundo comunicado da ACTP, as recém-nascidas descendem de um casal de ararinhas com o qual se tem feito cruzamentos desde janeiro deste ano. Como o par nunca havia chocado ovos, a equipe decidiu deixar a tarefa para um casal de araras de cabeça azul (Primolius couloni). Ao mesmo tempo, ovos desta última espécie foram colocados para a fêmea da ararinha, que segundo a equipe da ACTP, "fez um bom trabalho" e garantiu o nascimento dos filhotinhos da arara de cabeça azul. A organização preserva 13 exemplares da ararinha em seu aviário em Berlim.

Um exemplar da espécie foi visto pela última vez na natureza há nove anos, no sertão da Bahia., mas precisamente, aqui em Curaçá Hoje, as últimas ararinhas vivem longe de seu habitat, em cativeiro. No Brasil, restam apenas seis exemplares da ave: três no Criadouro Conservacionista Fundação Lymington e a outra metade na Fundação Zoológico de São Paulo. Ao todo, 68 ararinhas são oficialmente registradas pelo programa de reprodução em cativeiro, coordenado pelo governo brasileiro. A organização não-governamental Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP), do Qatar, e fundações na Espanha e na Alemanha fazem parte da iniciativa.

Desde 2004, a Al Wabra desenvolve no Qatar um programa de reprodução em cativeiro. Atualmente, a organização contabiliza 52 indivíduos. A boa notícia é que a ONG se prepara para reintroduzir algumas ararinhas azuis na região de Curaçá (BA), onde, em novembro do ano passado, adquiriu uma área de 2.200 hectares. Isso graças aos recursos investidos pelo fundador da organização, o Sheik Saoud Bin Mohammed Bin Ali Al-Thani.

O trecho de mata em Curaçá que deve abrigar a ararinha é considerado “o coração do centro de origem” da espécie. As florestas ao longo de um riacho oferecem um dos únicos ambientes na região com cavidades naturais para nidificação, e são também importante fonte de alimentos. A fazenda era utilizada para a criação de cabras, gado e cavalos. Essas espécies já foram removidas da propriedade e a vegetação, danificada pela pastagem, está sendo recuperada. É um esforço para arrumar a casa, à espera do dia em que a ararinha-azul volte a voar nos céus do Sertão.

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