3 de ago. de 2012

CAMINHOS DE CURAÇÁ - POR WALTER ARAÚJO COSTA


Há alguns anos tenho em mãos, gentilmente enviado pelo autor, um livro que entendo sinônimo de Curaçá e o é, sem dúvida. 
                             O autor dispensa quaisquer salamaleques, porquanto ostenta elevado conceito junto aos meios universitários e intelectuais. Sociólogo, professor e escritor. Especialista em seu mister.  Portanto, sinto-me incapaz, minguado em conhecimentos que sou, de discorrer sobre sua obra que, por si só, é o que de mais abrangente foi escrito hodiernamente sobre nosso município. Embora apoucado, escrevo. Mais para agradecer a deferência do livro, com injustificável atraso de alguns janeiros do que, propriamente, para falar sobre ele.
                             Antes, lá pelos idos de 1916, um filho de Patamuté, João Mattos, escreveu sobre Curaçá, mas em outros contornos. Cada obra tem seu universo temporal. Todavia, hoje me refiro a Esmeraldo Lopes e o certo é que ele é um mestre na arte de escrever. Sabe interpretar magistralmente a linguagem do povo, os costumes do povo, o sentir do povo. E saiu-se com esse monumento, "Caminhos de Curaçá". É razoável supor que o escritor teve boa formação na chamada escola de sociologia paulista, abeberou-se em boas referências, a exemplo de Octavio Ianni, um de seus expoentes, mas é seguramente certo que tem suas raízes fincadas no sentir curaçaense. Inegável este seu liame telúrico.
                         O que me impressiona é que o homem tem uma linguagem disciplinada, que oscila entre a descrição histórica do município e a formação social de sua população. E o faz com tanto apego e fidelidade a nossas raízes que transforma o texto num retrato irretocável da realidade curaçaense. Há uma uniformidade, um entrelaçamento e uma preocupação com a identidade de nosso povo de tal forma que o livro retrata Curaçá desde os primórdios e dá ao presente a resposta para o futuro, enquanto comunidade sertaneja. Dir-se-ia um tratado sociológico. Mas a convicção deste escrevinhador é no sentido de que outros caminhos o autor seguiu ao escrever o livro.
                          Estilo conciso, sóbrio, humilde. Leitura fácil e explicativa, ausência de expressões confusas capazes de dificultar o entendimento.        
                          Como bem diz, na orelha do livro, a professora Juscelita Rosa Soares Ferreira de Araujo, "Caminhos de Curaçá" permite ao leitor “descobrir pistas perdidas na lembrança, congeladas pela insensatez da memória imediatista que nos distancia daquilo que nos mantém vivos: um tênue fio entre o passado e o presente guardado em sentimos adormecidos, que o autor faz despertar, pela riqueza com que relata os fatos e pela clareza que expõe os sentimentos”. Uma síntese, uma verdade.    
                          Na condição de catingueiro curaçaense, adotei-o como livro de consulta quase que diária, até para matar as saudades do viver de nossa gente. E suponho que as escolas de Curaçá também o tenham como uma referência obrigatória de nosso patrimônio cultural.       

WALTER ARAÚJO COSTA 
advogado,escritor e jornalista.         

Um comentário:

  1. Amigo e colega Walter Araújo,

    Parabéns pela reflexão. Realmente "Caminhos de Curaçá" é um marco histórico para nossa comunidade. É o resgate da nossa memória, da nossa história. Sem dúvida o livro é e sempre será uma referência para todos curaçaenses, estudantes e leitores.
    Um abraço.

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