O jornalista Luiz Humberto Prisco Viana (1932-2015), baiano de Caetité,
terra do jurista, escritor e educador Anísio Teixeira, era deputado federal
pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) da Bahia. Curaçá, município da região
sanfranciscana, um dos seus redutos eleitorais. Prisco foi deputado federal por
sete mandatos, quase três décadas na Câmara Federal.
Eleições de 1978. Prisco Viana obteve em Curaçá 2.889 votos, na esteira
da liderança de Theodomiro Mendes da Silva, seu amigo, aliado político e líder
incontestável no município, onde foi prefeito duas vezes (1973/1977 e
1983/1988).
Prisco Viana conseguiu encaixar uma emenda parlamentar no orçamento da
União e liberou verba, a pedido de Theodomiro, para construção de uma ponte
sobre o riacho Paredão, em Patamuté, histórico distrito curaçaense. E ficou
aguardando a festa da inauguração.
Theodomiro mandou colocar pedras na travessia do riacho, na chegada de
Patamuté, para evitar atoleiro. Mistura de retalhos disformes de pedras de
mármore com cimento. Quando chovia, os carros tinham que esperar as águas
baixarem. O motorista precisava mirar bem as pedras e, com muita perícia,
acelerar para não ficar dentro do leito atolado ou ser engolido pelas barrentas
águas do Paredão.
O tempo passou. E Prisco ficou esperando o convite de Theodomiro para a
festa de inauguração da ponte.
Um dia, em Brasília, em seu gabinete no Anexo IV, da Câmara dos
Deputados, Prisco Viana fulminou a pergunta a um desavisado filho de Patamuté
que tinha ido visitá-lo:
- Ficou boa a ponte do Paredão?
O visitante embasbacou-se, surpreso, porque não entendeu a pergunta. Não
sabia de ponte, nunca tinha visto ponte lá.
Prisco Viana explicou: verba liberada, ponte construída, Patamuté
beneficiado, povo satisfeito e votos garantidos. O visitante continuou não
entendendo. Era leigo demais em política.
WALTER ARAÚJO COSTA
Curaçaense, advogado,escritor e jornalista.
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