13 de jul. de 2016

ARARINHA-AZUL VOLTARÁ À NATUREZA EM 2019

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, assinou nesta terça (12), em Brasília, parceria com entidades nacionais e internacionais para fortalecer as ações do projeto de reintrodução da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) ao seu habitat, a caatinga baiana. A ave é considerada extinta na natureza desde 2000. Atualmente existem apenas 120 exemplares, distribuídos em criadouros particulares do Catar, Alemanha, Espanha e Brasil. A expectativa é que as primeiras solturas ocorram em 2019.

A parceria prevê, de imediato, o aporte de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 5 milhões) para a construção do Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul, em Curaçá, na Bahia, habitat histórico da espécie. O centro será construído na Fazenda Concórdia, às margens do riacho Melancia, uma área cercada de 2.380 hectares, pertencente a uma das instituições parceiras, Lubara Breending Cener – Al Wabra (AWWP), do Catar.

A instalação permitirá a ampliação do manejo da espécie em cativeiro e a devolução da ararinha-azul ao seu habitat. Na última avaliação publicada pelo ministério, a área onde será construído o centro foi escolhida como de extrema importância para a preservação e prioritária para criação de uma unidade de conservação pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“A dedicação de tantas pessoas, de diferentes origens, para chegarmos até aqui, simboliza a compreensão de nossa responsabilidade comum”, disse Sarney Filho. “A Caatinga, lar das ararinhas-azuis, e o Cerrado, savana mais biodiversa do mundo, precisam urgentemente desse reconhecimento, para reverter o processo de devastação de que têm sido objeto”, afirmou o ministro.

Comunidade e criadouros

Durante a cerimônia, Sarney Filho destacou dois aspectos, segundo ele, fundamentais no combate à extinção da ararinha-azul. “Primeiramente, o envolvimento da comunidade, a visão de que as pessoas fazem parte do meio ambiente e são absolutamente necessárias para a sua preservação. Se bem informadas e amparadas em suas necessidades, elas se tornam protetoras ardorosas da natureza que as cerca”, disse.

Em segundo lugar, ele citou a importância dos criatórios particulares para a proteção das espécies ameaçadas. “Os criadouros que participam deste trabalho estão salvando as ararinhas-azuis. Temos que aprender com esta experiência e multiplicá-la”, enfatizou o ministro.

O representante do criadouro da Fazenda Cachoeira, Marcus Vinícius Romero Marques, presente à solenidade, ressaltou o objetivo final de devolução das aves à natureza. "Já trabalhamos com outras espécies, como a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus lear), e estamos muito felizes em ter mais essa missão", disse.

O presidente do ICMBio, Rômulo Mello, órgão que também participa dos esforços de recuperação da ararinha-azul, disse que o Instituto já trabalha na identificação do local para a implantação da UC que permitirá a soltura das ararinhas daqui a três anos com segurança. "Estamos juntos nesse projeto", reforçou ele.

O projeto

O projeto do governo brasileiro, iniciado há 15 anos, tem o compromisso de devolver à Caatinga as ararinhas-azuis. Atualmente conta com o apoio das seguintes instituições: Associação para Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP), da Alemanha; Lubara Breeding Center – Al Wabra (AWWP), do Catar; Parrots International (PI), dos Estados Unidos; criadouro Fazenda Cachoeira, do Brasil; Jurong Bird Park, de Singapura.

As aves têm se reproduzido bem em cativeiro e o trabalho avança para a reintrodução da espécie em seu ambiente natural. Para que isso aconteça, os esforços estão voltados para a criação de pelo menos uma UC federal na área de soltura, de 40 mil hectares, em um sistema agroecológico que visa melhorar as atividades produtivas, as condições de vida das comunidades rurais, regenerar a mata ciliar e a vegetação da caatinga adjacente. 

Além disso, a criação da unidade de conservação favorecerá a proteção da população reintroduzida, os trabalhos de educação ambiental e a pesquisa científica. A área envolve o rio Curaçá, conhecido como Barra Grande, e outros riachos, como o Melancia, onde as últimas ararinhas foram avistadas na natureza.

Combate às ameaças

De acordo com técnicos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, o sucesso do projeto depende, também, do engajamento da comunidade local para a proteção da espécie, assim como de fatores como a restauração do habitat nativo, com incremento da oferta de alimento.

Os especialistas que integram o grupo assessor do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-Azul (PAN Ararinha-azul) alertam para a necessidade de se combater as ameaças para aumentar o sucesso da reintrodução. 

Isso significa aumentar a qualidade do habitat, diminuir a quantidade de predadores, reduzir os perigos do tráfico ilegal de animais silvestres, o risco de uso do solo por mineradoras e mitigar os riscos das linhas de transmissão, dentre outros.

As ações do Plano de Ação da Ararinha-azul contam com o apoio da Vale, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), ICMBio e de todos os mantenedores da espécie. Seu escopo envolve políticas públicas, pesquisa científica e educação ambiental voltadas para conservar a Caatinga.

Notícia

No mês passado, uma notícia mobilizou gestores e pesquisadores que atuam no projeto de reintrodução da ararinha-azul. Segundo moradores de Curaçá, uma ararinha solitária teria sido visto voando livremente na região. Foi feito até um vídeo por meio de celular.

Para checar a informação, o ICMBio promoveu expedição ao local. Além de não localizar a suposta ararinha-azul, que poderia ter fugido de algum cativeiro, os pesquisadores disseram ser impossível comprovar, apenas pela observação do vídeo, que trata-se realmente de um exemplar da espécie.

A expedição, contudo, obteve ganhos, como o reforço do vínculo com a comunidade. No contato com as pessoas da zona rural onde a ave teria aparecido, a equipe de campo acertou que as duas partes trocarão informações de imediato, caso surjam novidades.

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (CemaFauna), grupo de pesquisa criado pela Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), que atua como parceiro do ICMBio há vários anos, também enviou equipe ao local.

Comunicação ICMBio - (61) 2028-9280 - com informações da Ascom/MMA (Luciene de Assis e Letícia Verdi) - (61) 2028-1227

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