O líder
sul-africano Nelson Mandela, 95, morreu nesta quinta (5) em sua residência, em
Johannesburgo, para onde havia sido levado no dia 1º de setembro após
passar quase três meses internado para
tratamento de uma infecção pulmonar.
O
ex-presidente vivia em Johannesburgo com a mulher Graça Machel, viúva de Samora
Machel (1933-1986), ex-presidente moçambicano.
Mandela foi o maior símbolo de combate ao regime de segregação
racial conhecido como apartheid, que foi oficializado em 1948 na África do Sul
e negava aos negros (maioria da população), mestiços e asiáticos (uma
expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos.
A luta contra a discriminação no país o levou a ficar 27 anos
preso, acusado de traição, sabotagem e conspiração contra o governo em 1963.
Condenado à prisão perpétua, Mandela foi libertado em 11 de fevereiro de 1990,
aos 72 anos. Durante sua saída, o líder foi ovacionado por uma multidão que o
aguardava do lado de fora do presídio.
Em
1993, Nelson Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o regime
do apartheid. Na ocasião, ele dividiu o prêmio com Frederik de Klerk,
ex-presidente da África do Sul que iniciou o término do regime segregacionista
e o libertou da prisão.
Um ano
depois, em 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, após a
convocação das primeiras eleições democráticas multirraciais no país. Sua
vitória pôs fim a três séculos e meio de dominação da minoria branca na nação
africana.
Ao tomar posse, o líder negro adotou um tom de reconciliação e
superação das diferenças. Um exemplo disso foi a realização da Copa Mundial de
Rúgbi, em 1995, no país. O esporte era uma herança do período colonial e, por
isso, boicotado pelos negros, por representar o governo dos brancos.
Nos dois anos seguintes, a Constituição definitiva e o processo
de transição foram concluídos. Entre os anos de 1996 e 1998, o arcebispo
Desmond Tutu liderou a Comissão de Verdade e Reconciliação para apurar crimes
cometidos durante o apartheid, e foram abertos processos judiciais para
pagamentos de indenizações às vítimas do regime.
Mandela
deixou a presidência em 1999 e passou a se dedicar a campanhas para diminuir os
casos de Aids na África do Sul, emprestando seu prestígio para arrecadar fundos
para o combate à doença.
Em 2004, aos 85 anos, ele anunciou que se retiraria da vida
pública para passar mais tempo com a família e os amigos. Já aos 92 anos, o
líder sul-africano dificilmente participava de qualquer tipo de evento, devido
à saúde frágil.
Durante a Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul,
Mandela compareceu apenas ao encerramento da Copa, devido à morte de sua bisneta
Zenani Mandela, em um acidente de carro logo depois da festa de abertura.
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