29 de set. de 2013

ÚLTIMAS HOMENAGENS AO PADRE QUE SEDUZIU E SE DEIXOU SEDUZIR TAMBÉM POR CURAÇÁ

Na sexta-feira (27), a cidade de Curaçá e mobilizou para homenagear o Padre Neno. Professores, comunicadores sociais, estudantes, religiosos, políticos, amigos e parentes participaram: da Missa, da entrega oficial dos pertences o Padre ao Museu Dona Telú, do lançamento de parte das cinzas do corpo de Neno nas águas do Rio São Francisco e do depósito no restante das cinzas no Mausoléu da sua Família no Cemitério Municipal.

O Padre Carlos Augusto Costa, popularmente chamado de Padre Neno, faleceu em 19 de maio deste ano devido a um infarto fulminante, após celebrar missa na comunidade de Brasilândia. Nascido em Curaçá, dia 27 de Setembro de 1952, migrou para São Paulo ainda criança. Era o caçula dos cinco filhos do Sr. José Lopes da Costa. Ainda jovem (e Neno sempre foi jovem como diziam os amigos) foi seminarista no Paraná onde se ordenou em 1982. Na igreja, atuou nas obras sociais junto às comunidades eclesiais de base católicas. Em São Paulo, atuou na região de São Miguel Paulista, Bairro situado na zona leste da Cidade; no Bairro do Bom Retiro, na região e central, e por fim na zona norte, onde coordenava cinco paróquias. Teve formação em comunicação social pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, incentivado por Dom Paulo Evaristo Arns. Por vários anos foi assessor de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, a convite de Dom Paulo. Ambos foram oprimidos pela Ditadura Militar na época. Teve sempre o reconhecimento da Família e amigos pela doação de tempo e carinho com que os tratava. Suas celebrações tinham sempre um inusitado ar de alegria, o que o deixou muito conhecido por onde passava. Fora isso, mostrava seu amor enraizado por Curaçá (tendo inclusive propriedades aqui) e pela sua cultura (participava de festas de vaqueiro, e folclóricas como marujada). Por tudo isso a Missa em sua homenagem trouxe tudo que o cercava: vaqueiros, marujos, parentes e amigos, religiosos, artistas.

A missa, pela manhã, se deu na Igreja Matriz Católica, onde ele já tinha ajudado a celebrar diversas cerimônias religiosas. O Templo ficou lotado, inclusive com muitas pessoas da Comunidade. A Missa foi celebrada pelo Padre João, da Paróquia de Curaçá, acompanhado pelos padres Edvaldo (também de Curaçá) e Toninho (da Paróquia de São Luiz Rincão). Toninho era orientando de Neno e deu um testemunho como o de um amigo ao relatar a maneira simples como Neno o ensinava e tratava. “Ele não se dirigia a mim como um superior; aprendi com ele a amar o outro sem olhar quem o outro seja. Da mesma forma que Jesus nos ensinou, ele agia, da forma dele. Sempre chegava atrasado (riu)... tinha muitos sonhos. Um era o de criar a escola de teologia e fizemos isso. Outro, por ser franciscano, era o de levar 50 jovens paroquianos para encontrar com o Papa e foi realizado também”, disse Toninho, que também evidenciou as referências afirmativas que Neno fazia ao sacerdote Padre Cícero do Ceará e especialmente do lugar chamado Curaçá. Ao som de “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, interpretada pelo Coral Santa Cecília, os sobrinhos Rodrigo e Eduardo (que revelou ser afilhado de Neno), juntamente com os demais familiares, expuseram os pertences e as cinzas do corpo de Neno, que foi cremado em São Paulo. Os sobrinhos leram a biografia do Sacerdote e agradeceram o apoio dos presentes. O Presidente da Câmara de Vereadores, Theodomiro Mendes entregou uma moção de pesar assinada por todos os vereadores de Curaçá. Walter, amigo desde a chegada de Neno em São Paulo, também contou boa parte do relacionamento que tiveram. A missa também contou com a presença do ex-prefeito Salvador Lopes e da Primeira-dama Jussara Dantas Brandão. Logo após a Missa, os presentes saíram da Igreja em direção ao Museu Dona Telú, acompanhados pela Fanfarra Famuca de Curaçá, que interpretou a canção “Nossa Senhora” de Roberto Carlos.

No Museu, teve discurso emocionante de Dona Alverinda Costa, tia de Neno, e demais familiares, como Dona Eliete, irmã do Sacerdote, os quais identificaram e oficializaram a entrega dos pertences do Padre ao Museu. Jussara Dantas, registrou a ausência do Prefeito Carlinhos Brandão que atendia a um compromisso inadiável ao Tribunal de Contas dos Municípios. Ela leu o discurso enviado pelo Prefeito, o qual saudava os padres da Paróquia Local, e especialmente ao Padre Neno e sua Família. “Muito obrigado à Família. E ao Padre Carlos Augusto da Costa, discípulo da palavra de Deus, que sabia alegrar as missas e transparecia o gosto pelas manifestações folclóricas desse Município”.  Também fizeram uso da palavra a Secretária de Educação, Elaine Franco; e a Diretora do Museu, Paula Barbosa. Após o cerimonial, dirigido por Ângela Cipriano, Cerimonialista da Prefeitura, todos seguiram até o Rio São Francisco onde parte das cinzas do Padre Neno foram lançadas de barcos sobre a animação dos Marujos de Curaçá, que já tinham cantado os mesmos hinos ao fim da Missa, hinos tradicionais do folguedo.

À noite, o restante das cinzas foram depositadas no mausoléu da Família, no Cemitério Local. A frase que mais marcou todo esse momento e relatada por parentes e amigos e ainda exposta em algumas camisetas foi justamente aquela que Neno usou no momento do seu ordenamento e que “marcará sempre”, como disse o Padre Toninho: “Seduziste-me Senhor. E eu me deixei seduzir”, Neno.

Informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Curaçá

Nota: A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Curaçá lamenta a perda do comunicador social e sacerdote e curaçaense Carlos Augusto Costa, ao tempo em que agradece sua contribuição para o Estado Democrático que hoje temos orgulho de chamar de Pátria Amada. Maurízio Bim – jornalista; Kelly Ferreira – jornalista; Victor Santos – editor.




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