Não tá fácil a situação de quem
vive, ou melhor, sobrevive, no interior. A seca que assola a região Nordeste do
País maltrata ainda mais o sertanejo pobre que busca sobrevivência criando meia
dúzia de bodes em meio à caatinga, que permanece cada vez mais cinza.
A falta d’água aliada ao
desamparo dos governantes entristece o sorriso largo do sertanejo. Olhar uma,
duas, três ou mais vezes todos os dias para o céu azul, que de tanto azul e
limpo faz chover lágrimas, já virou rotina.
A situação é desesperadora: animais
morrendo de sede e de fome, barragens, açudes, e até as tais cisternas
salvadoras estão secas, com estruturas danificadas por não haver uma gota d’água,
desperdiçada tantas vezes nas nossas residências.
Quem o sertanejo pode clamar? Quem pode pedir ajuda sem que precise prometer
seu voto? Onde estão os carros pipas que ninguém vê? O PAC? As adutoras? Que crescimento
é esse?
É nesse contexto que percebemos
os contrastes. Enquanto uns não saem do seu ar-condicionado, desfilam de terno
e gravata em seus carrões e aviões, nadando em dinheiro, o pobre catingueiro
está lá, debaixo dum sol de 40 graus, queimando mandacaru e bebendo água
salgada.
Elias Fonseca
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