13 de jul. de 2016

WALTER ARAÚJO: A PONTE INVISÍVEL DE PATAMUTÉ

O jornalista Luiz Humberto Prisco Viana (1932-2015), baiano de Caetité, terra do jurista, escritor e educador Anísio Teixeira, era deputado federal pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) da Bahia. Curaçá, município da região sanfranciscana, um dos seus redutos eleitorais. Prisco foi deputado federal por sete mandatos, quase três décadas na Câmara Federal.


Eleições de 1978. Prisco Viana obteve em Curaçá 2.889 votos, na esteira da liderança de Theodomiro Mendes da Silva, seu amigo, aliado político e líder incontestável no município, onde foi prefeito duas vezes (1973/1977 e 1983/1988).

Prisco Viana conseguiu encaixar uma emenda parlamentar no orçamento da União e liberou verba, a pedido de Theodomiro, para construção de uma ponte sobre o riacho Paredão, em Patamuté, histórico distrito curaçaense. E ficou aguardando a festa da inauguração.

Theodomiro mandou colocar pedras na travessia do riacho, na chegada de Patamuté, para evitar atoleiro. Mistura de retalhos disformes de pedras de mármore com cimento. Quando chovia, os carros tinham que esperar as águas baixarem. O motorista precisava mirar bem as pedras e, com muita perícia, acelerar para não ficar dentro do leito atolado ou ser engolido pelas barrentas águas do Paredão.

O tempo passou. E Prisco ficou esperando o convite de Theodomiro para a festa de inauguração da ponte.

Um dia, em Brasília, em seu gabinete no Anexo IV, da Câmara dos Deputados, Prisco Viana fulminou a pergunta a um desavisado filho de Patamuté que tinha ido visitá-lo:

- Ficou boa a ponte do Paredão?

O visitante embasbacou-se, surpreso, porque não entendeu a pergunta. Não sabia de ponte, nunca tinha visto ponte lá.

Prisco Viana explicou: verba liberada, ponte construída, Patamuté beneficiado, povo satisfeito e votos garantidos. O visitante continuou não entendendo. Era leigo demais em política.



WALTER ARAÚJO COSTA 
Curaçaense, advogado,escritor e jornalista.

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