24 de out. de 2015

JORNALISTA MAURÍZIO BIM LANÇA LIVRO "BARRO VERMELHO-MEMÓRIA E ESPAÇO" DIA 06/11


Ao apagar das luzes de 2009 um livro despontou no cenário da imprensa regional sanfranciscana, trazendo fortes sinais de livre trânsito no meio acadêmico nacional. Trata-se da História da Imprensa de Curaçá, de autoria do jornalista Maurízio Roberto Bim Moreira Fernandes.
              O livro é um apanhado cuidadoso de fatos adstritos à incipiente imprensa do município de Curaçá, no sertão da Bahia, a partir de 1950. E o melhor: traz uma análise criteriosa do período. Baseia-se em pesquisa fundamentada “na diversidade das memórias dos sujeitos que um dia desafiaram produzir imprensa no interior do Estado da Bahia”, como acertadamente diz, no prefácio, a jornalista Adréa Cristina Santos, professora da Universidade do Estado da Bahia, Campus de Juazeiro. 
                De fato, um desafio. Tanto para aqueles que se arriscaram, não obstante os percalços, inclusive políticos, no sentido de edificar a imprensa curaçaense da época, valendo-se dos tenros meios de que dispunham - e eram pouquíssimos - quanto para o autor do livro que, arrostando sacrifícios, procurou reconstruir, com impressionante fidelidade, a memória daquele tempo concernentemente ao assunto.  
                 E, constataram, todos: Curaçá teve imprensa, sim. E hoje também, com mais robustez. A de agora, mais dinâmica, mais abrangente e conectada com o mundo. Aqueloutra, mais localizada e reivindicativa.           
                  O mérito que se vislumbra no livro, dentre outros subliminares, é a preocupação do autor com a busca da verdade histórica, embora difícil de obtê-la, tendo em vista a ausência de documentos e registros disponíveis. Contudo, o “sentido de ser curaçaense”, como frisou o autor, deu-lhe sustentáculo para a tarefa.
                 As elites tendem a produzir seus intelectuais. E os tem aos montes. Todavia, quando, ao contrário, eles surgem, isoladamente, da vontade de mudar as estruturas sociais e, sobretudo, da evidência do saber do povo, merecem uma atenção mais acurada. Assim, Maurízio Bim.
                 Intelectual preocupado, diuturnamente, com as questões sociais do seu tempo, ainda assim teve esmero para produzir um trabalho sério, retrato de um minucioso olhar sobre o passado curaçaense.
Dir-se-ia ser esta uma forma de despertar Curaçá para o conhecimento de suas raízes, das tradições e do viver de seus antepassados, não fosse o intuito acadêmico do trabalho. Isto prova que atividade intelectual coaduna-se, eficazmente, com interesse político e vice-versa.
              Assim como o sergipano Tobias Barreto dizia que “as tradições são o passado que se faz presente e tem a virtude de se fazer futuro”, ouso sugerir que a História da Imprensa de Curaçá é a ponte entre as idéias do período pesquisado e a necessidade de firmar o idealismo das novas gerações do município.
              Filho da professora Dionária Ana Bim, ex-aluna do tradicional Instituto Central de Educação Isaías Alves-ICEIA, de Salvador, Maurízio recebeu da mãe o gosto pelas coisas sérias, a arte de dirigir o espírito para a investigação da verdade e, sobretudo, o caráter irrepreensível. Mais: Maurízio carrega a solidez da raiz paterna e o respeito proveniente do esteio familiar, como um todo. Isto lhe acrescenta uma retaguarda moral admirável, exemplo para seus admiradores, entre os quais me incluo.  
              O livro é, talvez, uma das mais promissoras fagulhas que Curaçá passou a dispor para o enriquecimento de sua história. Leitura agradável, enriquecedora, formidável.
              Agora, no próximo dia 06 de novembro de 2015, Maurízio faz mais uma façanha: o lançamento de outro livro, “Barro Vermelho - memória e espaço”. Trata-se de uma obra cuidadosamente baseada em pesquisas sobre o elegante distrito curaçaense, sua gente, suas raízes e sua cultura. É sintomático que o evento aconteça no Memorial Filemon Gonçalves, marco da cultura musical e da história de Barro Vermelho.  
                Curaçá certamente está enriquecendo a sua história.

Por Walter Araújo Costa - publicado em seu blog pessoal.


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